A semana começou mais feliz para 16 idosos que, na tarde desta segunda-feira (3), voltaram a ser crianças com danças, brincadeiras e muito afeto envolvido em um momento lúdico na sala de atividades coletivas da Policlínica Areia Branca, na Zona Noroeste de Santos.
Promovida pelo Departamento de Atenção Primária (Deaps) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e com a realização da Policlínica, a iniciativa teve como objetivo proporcionar um encontro que despertasse a participação e socialização dos envolvidos enquanto eles pudessem se movimentar com os colegas. Com bexigas, bambolês e ao som de sucessos da Vanguarda, os idosos se soltaram enquanto lembravam a juventude.
A ação, realizada desde agosto do ano passado, faz parte de encontros semanais com o grupo de atendidos da unidade, que recebe o nome de ‘antifragilidade’. Durante as reuniões, os idosos são avaliados em questões médicas, com profissionais da saúde. A diversão não fica de lado quando o assunto é trabalhar as habilidades físicas e intelectuais.
“O brincar para os idosos envolve o convívio social e a promoção da saúde. Queremos tirar essas pessoas da rotina e do isolamento em suas casas, proporcionando atividades lúdicas para o próprio bem-estar delas. Hoje os participantes estão se distraindo, cantando, fortalecendo relações e, acima disso, cuidando deles mesmos”, observou o enfermeiro responsável pela Linha de Cuidado para a Atenção Integral à Saúde da Pessoa Idosa no Deaps, Renato Aparecido.
Também à frente das atividades, junto a Renato, a médica clínica geral Nubis Sierra falou sobre a motivação do grupo. “A participação do idoso no projeto é primordial. Durante essas ocasiões observamos o desenvolvimento dos envolvidos interessados em buscar um envelhecimento saudável e ativo para prevenir a fragilidade. Quando falamos de uma pessoa frágil, não falamos só do físico, e sim do psicológico e da forma como lida com questões diárias. Então, essas atividades buscam abrir a mente em prol da convivência social e da saúde de qualquer um que esteja presente hoje. É muito especial”.
DE VOLTA À INFÂNCIA
Iniciando a programação comandada pelo educador físico Ronnie Soares, os idosos caíram na nostalgia e não perderam o ritmo ao som dos sucessos do cantor Roberto Carlos. Em pares, a sala de atividades coletivas da policlínica se transformou em um verdadeiro bailinho. Durante a dança, um elogiava ao outro e observava o gingado do colega com admiração. Vergonha e medo de errar foram sentimentos inexistentes.
Após a coreografia, os idosos foram divididos em duas fileiras e receberam bexigas para brincar de ‘passa e repassa’. O desafio era passar a bexiga de um participante para o outro, sem deixar cair. Na ida, por cima da cabeça. Na volta, por baixo, mas sem deixar cair no chão. O desafio ficou ainda maior na brincadeira posterior, quando o grupo teve que acertar bambolês diretamente no alvo, que no caso era uma cadeira.
E quem disse que os idosos erravam ou davam chance aos concorrentes? A disputa era marcada por gritos de anseio, comemorações, abraços e palavras de motivação que encorajaram os colegas.
SEGUNDA FAMÍLIA
Animada com as brincadeiras, Eunice Souza, 75, nasceu no Nordeste, mas é moradora da Areia Branca há mais de 50 anos. Para ela, a Cidade ‘brilha mais forte’ quando se lembra do acolhimento que recebe até hoje. “Tenho amor pelos meus vizinhos, mas é aqui que eu tenho uma segunda família. Todos me conhecem por ser participativa e até aprovam umas ideias malucas que tenho de comemorações na própria unidade. Não poderia faltar em mais um dia de felicidade. Amo tudo o que tem aqui”.
Eunice Souza e Ceci Gomes
A amiga Ceci Gomes, 79, também é figura conhecida da policlínica. Mesmo com a casa em obras, a aposentada fez questão de aparecer em mais um encontro do grupo Antifragilidade. “Chamei o pintor de casa e falei ‘vou brincar e já volto’. Está sendo muito divertido esse momento de encontrar pessoas maravilhosas, como os meus colegas e as pessoas que me atendem muito bem sempre que eu preciso”.
Ao final do encontro, bolo e café se juntaram à programação para adocicar a tarde dos idosos que aprovaram as gostosuras. Fotos e abraços não faltaram para selar o momento que uniu diversão e afeto à prova de que não precisa ser criança para brincar.