Nos últimos anos, a realidade das farmácias no Brasil tem sido marcada por uma série de desafios, especialmente no que se refere à gestão de escalas de trabalho. Uma das questões que tem ganhado destaque no setor é a prática da escala 6×1, que vem sendo cada vez mais questionada por profissionais e associações. Recentemente, a Associação Brasileira de Farmácias e Drogarias (ABRAFARMA) afirmou que essa prática está prejudicando a sustentabilidade financeira das farmácias, com o famoso “fim da escala 6×1”, uma situação que reflete o impacto da carga horária excessiva no varejo farmacêutico. A escala 6×1 é aquela em que os funcionários trabalham por seis dias consecutivos e têm apenas um dia de descanso, o que tem gerado uma série de discussões sobre as condições de trabalho no setor.
A alegação de que “conta não fecha no varejo” vem sendo repetida por diversos líderes do setor, que afirmam que a imposição de escalas tão intensas compromete a qualidade do serviço prestado ao público e coloca em risco a saúde financeira das farmácias. Para os empresários, os custos com a contratação de novos funcionários ou a manutenção de escalas mais flexíveis são elevados, mas a falta de uma gestão mais eficiente e a sobrecarga de trabalho dos colaboradores podem resultar em danos ainda maiores a longo prazo. O impacto da escala 6×1 no varejo farmacêutico se reflete em diversos aspectos, como a insatisfação dos funcionários, aumento do absenteísmo e até mesmo dificuldades de retenção de talentos.
Além disso, a própria experiência do cliente também é afetada pela escala 6×1. Funcionários sobrecarregados têm menos disposição para oferecer um atendimento de qualidade, o que pode prejudicar a imagem da farmácia e afastar os consumidores. Em um mercado cada vez mais competitivo, onde o bom atendimento ao cliente é um dos principais fatores de fidelização, essa questão tem se mostrado crucial. O fim da escala 6×1 seria, portanto, uma solução viável para melhorar as condições de trabalho e, ao mesmo tempo, otimizar a experiência do consumidor no varejo farmacêutico.
Outro ponto importante a ser considerado é o impacto das escalas longas no bem-estar dos funcionários. A sobrecarga de trabalho pode levar a um aumento significativo do estresse e da exaustão, o que compromete não só a saúde dos trabalhadores, mas também a eficiência operacional da farmácia. Muitos funcionários relatam que, após uma semana de trabalho com a escala 6×1, chegam ao ponto de não conseguir desempenhar suas funções de maneira satisfatória, o que afeta diretamente a produtividade da empresa. A implementação de novas escalas de trabalho, mais equilibradas, pode contribuir para um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.
Em resposta a essas questões, diversas entidades e sindicatos têm pressionado por uma mudança nas condições de trabalho nas farmácias. A escala 6×1, que antes era considerada uma prática normal e aceitável no setor, hoje é vista como um modelo de gestão ultrapassado. As propostas para substituir essa escala envolvem, principalmente, a adoção de escalas mais flexíveis, com maior número de dias de descanso e uma jornada de trabalho mais equilibrada. Além disso, também há a sugestão de utilizar tecnologia para otimizar os processos internos, diminuindo a sobrecarga dos funcionários e permitindo uma gestão mais eficiente das lojas.
Do ponto de vista financeiro, a mudança no modelo de escala de trabalho poderia inicialmente gerar um aumento de custos para as farmácias, mas a longo prazo, acredita-se que a medida possa resultar em benefícios significativos. A melhoria na qualidade do atendimento e na satisfação dos funcionários pode contribuir para um aumento nas vendas e na fidelização dos clientes, o que acabaria compensando os investimentos adicionais em recursos humanos. A “conta” que não fecha no varejo farmacêutico, portanto, pode ser corrigida com a adoção de um modelo de trabalho mais sustentável e equilibrado.
O debate sobre o fim da escala 6×1 também está ligado a questões mais amplas de qualidade de vida e direitos trabalhistas. Em muitas farmácias, especialmente as de pequeno porte, a escala 6×1 é vista como uma forma de reduzir custos, mas essa visão está cada vez mais sendo contestada. A pressão para garantir a rentabilidade de longo prazo e, ao mesmo tempo, manter uma equipe motivada e saudável, exige uma mudança de mentalidade por parte dos gestores. O fim da escala 6×1 é um passo necessário para adaptar o setor farmacêutico às novas demandas sociais e econômicas, além de garantir a sustentabilidade das empresas no futuro.
Em resumo, o “fim da escala 6×1” representa uma discussão crucial para o futuro do varejo farmacêutico. A sobrecarga de trabalho imposta pela escala tradicional está gerando insatisfações tanto entre os funcionários quanto entre os gestores, que se veem obrigados a lidar com os custos elevados de uma gestão ineficiente. Adotar novas práticas, com jornadas de trabalho mais equilibradas, é fundamental para que o setor se torne mais competitivo, saudável e sustentável. O varejo farmacêutico precisa entender que, para que a “conta feche”, é necessário mais do que apenas ajustes financeiros: é preciso investir nas pessoas e em um modelo de trabalho que priorize o bem-estar de todos os envolvidos.